Flordelis perde imunidade parlamentar e pode ser presa a qualquer momento

Deputada é acusada de mandar matar o marido, o pastor Anderson do Carmo.

Flordelis
Foto: Reprodução Internet

A Câmara dos Deputados aprovou, nessa quarta-feira (11), a cassação do mandato da deputada Flordelis (PSD-RJ). Foram 437 votos a 7 e 12 deputados se abstiveram.

Para que o mandato fosse cassado, eram necessários, pelo menos, 257 votos, a maioria absoluta dos parlamentares.

Flordelis é acusada de mandar matar o marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019. O pastor foi executado com mais de 30 tiros na garagem de sua casa.

A deputada nega as acusações. O processo criminal ainda não foi julgado, no entanto, os “deputados consideraram que a atuação da parlamentar ao longo do caso feriu o Código de Ética da Câmara”.

Flordelis responde por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.

Agora, com a cassação, ela perde a imunidade parlamentar que impedia sua prisão preventiva e pode ser detida a qualquer momento.

Quando se tornou ré, a Justiça não decretou sua prisão devido à prerrogativa da função.

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Onze pessoas foram denunciadas por envolvimento na morte do pastor Anderson do Carmo. Cinco filhos e uma neta da deputada foram presos após Flordelis ser apontada como a mandante do crime.

O deputado Alexandre Leite (DEM-SP), relator do processo, considerou que as provas do caso já obtidas mostram que a deputada teve participação ativa no planejamento da morte de Anderson do Carmo.

Além disso, ele alegou que Flordelis nunca apresentou qualquer contraprova que pudesse contestar todos os indícios apurados pelo Conselho de Ética e pelo Ministério Público, que a acusa da autoria do assassinato.

Para o relator, a deputada ainda usou o mandato para coagir testemunhas, ocultar provas e obstruir investigações, além de ter mentido ao Conselho de Ética.

Durante a tarde desta quarta-feira (11), Leite apresentou no plenário o laudo cadavérico que aponta uma concentração de tiros na região pélvica da vítima.

De acordo com a polícia, isso indica que Flordelis poderia ter participado ativamente da morte do marido.

“Os nove tiros, como podem ver, se encontram em área concentrada da região pélvica do pastor Anderson do Carmo, ou seja, a vítima já havia, muito provavelmente, parado de se contorcer. Este foi o nível da crueldade deste crime”, disse Leite.

“Faço a leitura de alguns trechos destacados na página 14 do parecer da quebra de sigilo telemático a mostrar a frieza com que a Deputada tratava em suas mensagens telefônicas seus filhos, outros interlocutores, todas essas juntadas nos autos, entre aspas: ‘Fazer o quê? Separar eu não posso, porque não posso escandalizar o nome de Deus, isso não. Mas vou encontrar um jeito, uma saída'”, destacou o relator.

“O relacionamento entre a deputada e o seu ex-marido, perante as conversas interceptadas, já vinha de longo tempo, de longa data em maus caminhos, e mal encaminhado, até que tomasse esse fim trágico”, acrescentou Leite.

DEFESA

Após a fala do deputado, Flordelis pôde se pronunciar e disse, mais uma vez, que é inocente.

“Se caso eu sair daqui hoje, eu saio de cabeça erguida porque eu sei que sou inocente e todos saberão que eu sou inocente. A minha inocência será provada. Vou continuar lutando para garantir a minha liberdade, a liberdade dos meus filhos e da minha família, que está sendo injustiçada também com tudo o que está acontecendo. A minha família está sofrendo. A minha família está sendo julgada”, declarou Flordelis.

A deputada atribuiu a culpa aos filhos.

“Houve filhos meus que erraram, mas não foram todos. Mas toda a minha família está sendo criminalizada. Eu não posso e não devo pagar pelos erros de ninguém. A Flordelis que está aqui está destruída”, afirmou.

A defesa da deputada falou em “misoginia”, “machismo” “racismo estrutural”, e disse que as acusações contra ela passam por todas essas questões.

“O caso aqui hoje é uma mistura de perversidade histórica do nosso sistema, imperada por uma misoginia, machismo e um racismo estrutural”, disse o defensor.

Em sua primeira versão, a família alegou ter sido vítima de latrocínio. Dias depois, Flávio dos Santos, 39, filho biológico de Flordelis, confessou ter atirado em Anderson do Carmo.

Com informações de G1

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