Wagner Moura fala sobre o filme ‘Marighella’ no Roda Viva

Diretor do longa foi entrevistado no programa da TV Cultura e falou sobre a censura que enfrentou, as ameaças que recebe e criticou o governo Bolsonaro; assista.

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Foto: Reprodução Internet

Wagner Moura foi o convidado do “Roda Vida”, da TV Cultura, nesta segunda-feira (02). O ator e diretor falou sobre seu novo trabalho, o filme “Marighella”, que estreou essa semana no Brasil.

O longa, que tem Seu Jorge interpretando Marighella e foi filmado em 2017, foca nos últimos cinco anos de vida do escritor, político e guerrilheiro, de 1964 até sua violenta morte em uma emboscada em 1969.

Moura começou a entrevista falando como está se sentindo com o lançamento do filme após tanta censura e impedimentos da Ancine.

“Tá tudo misturado, porque esse alívio e essa alegria de estar lançando o filme aqui, finalmente, ela é reforçada pelo período que estivemos impossibilitados de lançar o filme”, disse.

“É um filme feito para o Brasil e não é somente um filme sobre os que resistiram a ditadura militar nos anos 60 e 70, mas também é sobre os resistem hoje no Brasil”.

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“As pessoas olharem pro filme e dizer ‘Nós queremos que esse filme aconteça, queremos que esse filme estreie, a luta de Marighella é a nossa luta nesse momento’, isso para mim tá sendo muito bom, estou muito feliz”, disse Wagner.

Sobre o que ‘Marighella’ representa, ele disse: “Esse filme é contra o Brasil de 2021, e é esse o filme, Marighella agora é esse. Eu fiz um filme que homenageia, Canudos, Palmares, Malês, as revoltas populares que que houve no Brasil, tantas e que foram contadas sob o ponto de vista do dominador”.

“A história de Marighella e da luta armada é a mesma e de quem está lutando hoje no Brasil, é, esperamos que não seja a mesma né, mas que essa gente se identifique com o meu file agora é a melhor coisa que eu poderia esperar”, disse.

Wagner foi questionado sobre o que é o terrorismo e foi enfático ao responder: “Cara, 600 milhões de mortos de covid é terrorismo, 19 milhões de pessoas passando fome no Brasil é terrorismo, Amazônia pegando fogo é terrorismo também, sabe? O ministro da economia que tem conta offshore enquanto o povo paga imposto alto é terrorismo”.

E continuou, fazendo críticas ao governo sobre a censura que o filme “Marighella” sofreu nos últimos anos: “A gente não pode admitir um governo federal trabalhar para que um filme não aconteça, para que um produto cultural não aconteça. Até hoje tem gente falando mal do filme, twittando contra o filme, mobilizando a sua militância digital para dar nota baixa pro filme no IMDB”.

“Isso tudo que está acontecendo hoje com Marighella, é duro, é difícil falar, é um filme contra um governo. Mas isso aí diz muito mais sobre o estado das coisas no Brasil hoje, do que propriamente o filme que eu fiz. Eu fiz um filme sobre um personagem histórico, você não precisa gostar de Marighella para assistir ao filme, você não precisa nem ir ver o filme, agora você não pode trabalhar para que um produto cultural seja interditado”, disse.

Sobre as ameaças que recebe, ele disse: “Eu não tenho medo dessa gente, eles são covardes […] Fazer um filme sobre Marighella, entregar um filme sobre Marighella faz parte de um enfrentamento do qual eu tenho muito orgulho de participar, contra o fascismo”.

“Marighella é sobre não ter medo, Marighella não teve tempo de ter medo, e essa é época que a gente não pode recuar. E eu quero fazer uma denúncia muito grave, quando eu digo que nós seguimos sendo atacados, é porque os ataques são graves, ontem mesmo nós fomos exibir o filme  na cidade do Prado, no acampamento do MST no Prado, e ontem mesmo vinte homens encapuzados chegara ao acampamento do MST, atiraram nos carros, fizeram gente do MST de refém lá e eu não posso descontextualizar esse ataque nesse lugar a exibição do filme lá”, contou.

Confira a entrevista completa de Wagner Moura:

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